Surface piercing

Surface piercing, ou piercing de superfície são uma evolução das perfurações tradicionais, possibilitando a aplicação de jóias em diversos locais que antes apresentavam um grande índice de rejeição, inclusive superfícies mais planas (meio do peito, abaixo do umbigo, nuca, etc...)

Nesta técnica a perfuração é feita com uma jóia onde as extremidades tem um ângulo de 90 graus (semelhante a um grampo invertido) (ilustração 3), o que possibilita uma melhor adaptação da mesma ao corpo, pois dessa maneira ela exerce menor pressão na área perfurada.

A anatomia do local também influencia bastante na escolha do modelo e principalmente na medida das jóias (comprimento e espessura) (ilustrações 4, 5 e 6) . Por exemplo: em surfaces faciais normalmente se utiliza jóias com 1,2mm de espessura. Já em outros locais, se utiliza a espessura de 1,6mm ou maiores. Outro fator que influência bastante no sucesso de uma perfuração de superfície é quando o local apresenta uma camada de gordura maior, pois isso acomodará melhor a jóia evitando que ela exerça muita pressão sobre a pele, o que pode acabar degenerando o tecido acima da jóia e expulsando a mesma (ilustração 2).

Existem diversos materiais que podem ser utilizados na confecção das jóias para surfaces, mais em minha opinião o mais aconselhável é o PTFE, (imagem abaixo) que é um teflon de baixíssimo coeficiente de atrito e completamente biocompatível, não reagindo a praticamente nenhuma substância, seja ela química ou até mesmo fluídos orgânicos.

Outra vantagem da utilização de hastes de PTFE para confecção das jóias é que por não ser um metal (e sim um polímero), ele possui certa flexibilidade, o que facilita a acomodação da jóia.

A perfuração pode ser feita de diferentes maneiras, todas free-hand (sem uso de pinças). A mais utilizada (e também mais simples) é feita utilizando cateteres intravenosos (Abocath) ou agulhas americanas (foto 2). A desvantagem desse método é que a perfuração, tanto de entrada como de saída, fica com um ângulo menor que os 90 graus encontrados nas jóias, o que pode dificultar um pouco a acomodação da jóia, principalmente em regiões mais planas.

Outras técnicas – que na minha opinião são as mais adequadas – são as chamadas “punch-and-taper” ou “scalp-and-taper” (foto 1). Essas técnicas consistem em abrir um orifício em ambas as extremidades da perfuração, utilizando um dermal punch ou um scalp. Após isso, a região por onde passará a jóia é descolada com o auxílio de um pino, de uma extremidade a outra, para na seqüência ser introduzida a jóia. Desta maneira, a perfuração fica com a mesma angulação da jóia, o que vai acomodá-la melhor e consecutivamente exercerá menor pressão na pele.

Vale acrescentar ainda que não é aconselhável a utilização de esferas de aço de diâmetros muito grandes, pois o peso das mesmas pode acabar contribuindo para uma possível rejeição da perfuração em determinados locais. Se possível, o ideal é utilizar sempre esferas de titânio ou PTFE, e caso utilize esferas de aço, é aconselhável que elas sejam menores, pois serão também mais leves.

Ilustrações: BMEzine. Fotos: Arquivo pessoal.