quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sou normal?

Hoje em dia o que é ser normal? Ou melhor, qual o conceito de “normalidade” que temos em mente?

A um tempo atrás me deparei com um comentário em blog aqui da região - poracaso.com - que tratava exatamente deste assunto. Para ser mais específico, tal comentário dizia que uma pessoa que optou por um estilo de vida alternativo, fora dos padrões impostos pela sociedade, tinha feito isso como a única função deixar as pessoas incomodadas.

É bem provável que essa pessoa não tenha sido julgada como “louca” simplesmente pelo fato de ser filho de um político influente, quatro vezes deputado federal e ex-ministro do governo FHC. O que se esperar do filho de um político, uma rapaz que tinha tudo o que um adolescente poderia querer? Nada. Como assim nada? Eu explico.

Com certeza a maioria das pessoas esperaria que ele seguisse os passos do pai, estudasse nos melhores colégios, se formasse na melhor faculdade e ingressasse na carreira política.

Agora vem o porque do “nada”. Todos esperavam que ele fosse uma continuação de seu pai ou de seus familiares, ou seja, que não fosse ele mesmo. Em minha opinião, dessa maneira ele se anularia, não seria nada.

Não estou criticando quem segue a profissão de seus pais, desde que seja por vocação e não por imposição, principalmente da sociedade.

No caso desse rapaz, ao optar por ser “ele mesmo”, acabou sofrendo diversas formas de preconceitos por parte daqueles que se acham “normais”, ou seja, aquelas pessoas que simplesmente pensam e vivem como a maioria.

Só nos resta pensar e refletir se realmente essa maioria está agindo e vivendo de forma correta, mesmo que seja difícil definir o que é ou não correto nos dias de hoje.

Fica aqui um pensamento antigo, da época do império Romano: "Enquanto houver pães e gladiadores o povo estará feliz". Ou seja, a massa é burra!

2 comentários:

  1. Well, uma questão que não dá pra ignorar é que o rapaz foi bem extremo em suas escolhas.

    Porém é muito boa a colocação quanto ao fato de Felipe talvez ter feito as modificações como forma de identidade, realmente a fim de não se anular existencialmente, virando, em termos, um clone de seu pai e relativos. Me identifiquei com isso, e tenho certeza seja esse o desafio de muitos na adolescência. Se Felipe tem a transformação corporal na alma, está correto e vai pro céu.

    Isso não dá pra garantir, mas creio que o que a sociedade têm em seu posicionamento arcaico de "esse garoto está perdido", é a distorção da essência primordial das seguintes perguntas:
    - Se Felipe não tivesse sido criado a leite e mel, ainda assim ele optaria pelas modificações?
    - Dentre tantas opções para se destacar na sociedade, justo a forma mais agressiva foi o caminho correto?

    Creio a perspectiva de que Felipe seja "um mauricinho revoltado" possa ser um dos principais fatores que traz o debate e a coceira à massa. Viva a liberdade, viva a expressão, mas o problema é que pessoas babacas nem mesmo os marginais toleram.

    E quem critica o rapaz sem ter fundamento algum, não está nem um pouco longe de ser outro babaca. Nessa vida, uma das poucas certezas que adquiri foi que pedrada com telhado de vidro sempre foi a especialidade do vizinho.

    Keep walking.

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  2. Caramba, esse post dá uma tese de Doutorado!
    O que me chama a atenção é que quem redigiu a matéria demonstra seu pré-conceito dizendo que Felipe "nasceu uma pessoa normal", deixando implícita a conclusão que ele deixou de ser normal pelo estilo que adotou.
    Mas em nenhum momento o texto questiona a normalidade do pai, Ministro, representante do povo, e alcoólatra.
    Ninguém questiona a normalidade do irmão, alcoólatra e assassino no trânsito.
    E parece que isso é considerado pela sociedade como normal, uma vez que ambos participam da política e, repito, REPRESENTAM O POVO COM O AVAL DA SOCIEDADE.
    Criticam as atitudes do rapaz, mas não criticam os aspectos do comportamento das pessoas com quem Felipe era obrigado a conviver.
    Quem realmente gosta de body modification, sabe que ela se torna uma espécie de "hobby", e quanto mais se tem, mais se quer experimentar. Enquanto outras pessoas adoram futebol, bingos, compras, leitura, nós nos divertimos com a body modification. É uma simples questão de gosto!
    E eu retorno ao ponto básico de quase todos os meus comentários: cada um faz o que quer com seu corpo. Felipe não estava afetando ninguém com as atitudes dele, mas é julgado por ter uma aparência diferente. Do irmão assassino, que provavelmente destruiu os projetos de muitas pessoas ligadas à sua vítima, ninguém levanta questionamentos! E por quê?
    Por que ele usa terno e gravata?
    Por que ele cria uma "imagem positiva" aos olhos dos outros?
    Por que ele tem um discurso hipócrita baseado na falsidade, dizendo aquilo que as pessoas esperam ouvir?
    Na realidade, é considerado normal o que é aceito pela maioria (a corrupção na política, por exemplo, de tão comum já se tornou normal; é um crime aceito pela sociedade). E quem se desvia da maioria é fatalmente punido.
    Se os costumes "normais" da atualidade estivessem corretos, o mundo não estaria a MERDA que está. Ou alguém aí está contente com a realidade?

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